Campia 2-2 Ac.Viseu (Divisão de Honra)
O Académico de Viseu escorregou em Campia, cedendo um empate a dois golos, e comprometeu as suas aspirações de subida à 3ª Divisão Nacional, ficando agora dependendo de uma escorregadela da turma de Lamego a duas jornadas do fim da prova.
Não foi uma grande espectáculo, mas foi um jogo interessante. Os viseenses começaram melhor, inaugurando o marcador quando iam decorridos apenas sete minutos. Todavia, a turma de Idalino de Almeida acabou por conceder espaços no seu sector recuado que acabaram por ser fatais. Manuel Fernandes e companhia não estão isentos de culpa nos dois golos da turma de Campia, que, como disse o seu treinador no final do encontro, fez o que lhe competia. E por aí nada a apontar.
A equipa orientada por Raul Garcia teve sua dose de sorte nesta partida, mas também é verdade que a esta protege os audazes e aí o técnico da formação do concelho de Vouzela tudo fez para conseguir um resultado positivo. Os academistas tentaram ser pragmáticos. A formação de Idalino de Almeida conseguiu sempre controlar a partida, mas se a actuação de Luís Ramos não foi de todo positiva, cometeu erros que claramente prejudicaram os academistas, a verdade também que, como atrás já referimos, a equipa viseenses cedeu espaços e cometeu erros pouco habituais na sua zona mais recuada. Marcos fez auto-golo, numa saída em falso de Manuel Fernandes, que deu origem ao empate, claudicando na recta final do encontro quando permitiu que João repusesse a igualdade, na sequência de um pontapé de canto, quando faltavam pouco mais de cinco minutos para o final do encontro.
Uma partida importante para as duas equipas
E esta era uma partida importante para as duas formações. O Campia necessitava da vitória, tendo em conta que os três pontos significavam um resto de campeonato tranquilo, garantindo a manutenção, enquanto que para aos viseenses só a vitória interessava, tendo em conta que o empate ou, pior que isso, a derrota poderia colocar em causa o grande objectivo da temporada que era, e é ainda, a subida aos Campeonatos Nacional.
Com tudo poderíamos dizer que estavam lançados os dados para um bom espectáculo de futebol, que acabou por não se verificar, presenciado por bastante público, muito ido de Viseu, numa tarde cinzenta, com chuva à mistura. Idalino de Almeida apostou numa equipa mais ofensiva, uma vez que já pôde contar com Filipe Figueiredo, que tem andado a recuperar de uma lesão há algumas semanas.
Enquanto isso, Raul Garcia fez algumas alterações em relação à partida que ali vimos para a Taça com o Sampedrense, que, diga-se, não alteraram muito o figurino que tem vindo a apresentar, uma equipa que acreditou sempre até ao fim pelo melhor resultado.
O jogo começou equilibrado, mas foram os viseenses que aos sete minutos se adiantaram no marcador. Eduardo fez um excelente trabalho à entrada da grande área, servindo Tiago na esquerda que bateu Ruben com um remate em arco. Em vantagem no marcador, esperava-se que os viseenses assumissem uma postura de controlo da partida, mas dois minutos após o golo, vieram ao de cima os espaços concedidos pela defesa. É que Paulinho escapou à marcação e encontrou espaço de remate, que, contudo, saiu ao lado da baliza de Manuel Fernandes.
À passagem dos primeiros 20 minutos a partida conhecia uma fase de equilíbrio, embora com os viseenses a tentaram controlar as acções no meio campo. Porém, aos 30 minutos, os locais lograram chegar à igualdade, com Marcos a tentar o desvio para canto, acabando por colocar a bola na sua baliza, na sequência de um livre apontado por Pedro na meia direita do ataque.
O empate ao intervalo acabava por se aceitar, tendo em conta o que as duas equipas tinham produzido.
Recomeçar bem, mas... acabar mal
O segundo tempo começou com os viseenses apostados em recuperar a vantagem e aos dois minutos beneficiaram de um livre perto da área, por falta sobre Filipe Figueiredo. Carlos Santos bateu, mas a bola terá tabelado no braço de um jogador da equipa da casa. Pelo menos esta foi a opinião de alguns jogadores e adeptos academistas, que reclamaram a decisão de Luís Ramos de mandar prosseguir a partida.
Os viseenses haveriam de voltar para a frente do marcador aos 56 minutos, com Calico a dar o melhor seguimento a um livre apontado por Álvaro.
Sete minutos depois voltaram os viseenses a reclamar grande penalidade, quando Filipe Figueiredo foi "ceifado" na área, mas o juiz de Nelas nada assinalou.
À entrada do último quarto de hora os viseenses pareciam ter o controlo do jogo, com a turma local apostada em não baixar os braços. E quando toda a gente já esperava pelo final, muitos viseenses preparavam-se para festejar a vitória, na sequência de um canto João repôs a igualdade, para desespero das hostes academistas. Idalino de Almeida ainda deitou mão de Marcel e Barra, para os derradeiros minutos, mas já era tarde para inverter um resultado que relegou os viseenses para a segunda posição, ficando agora dependentes de uma escorregadela do Lamego nas duas derradeiras jornadas.
Como atrás dissemos Luís Ramos não fez um bom trabalho. O juiz de Nelas teve algumas decisões pouco habituais, até porque já lhe vimos fazer muito melhor. Além de alguns lances mal ajuizados, aquela decisão de parar um contra-ataque viseenses na recta final do primeiro tempo para ser prestada assistência a um jogador local, quando a sua equipa não colocou a bola fora de campo, é no mínimo estranha, assim como o lance da grande penalidade não assinalada sobre Filipe Figueiredo, numa falta evidente na área de rigor.
No final Raúl Garcia mostrava-se satisfeito com o empate, reconhecendo que a sua equipa acabou por ter a sorte do seu lado, mas ressalvou a importância do resultado para as contas finais do campeonato.
Por sua vez Idalino de Almeida lamentou a actuação do juiz da partida, nomeadamente o facto de não ter assinalado a grande penalidade que colocaria os viseenses a vencer por 3-1. Agora, a duas jogadas do final, aos viseenses resta acreditar numa escorregadela alheia para ainda sonharem com a subida à 3ª Divisão Nacional.
Ficha de Jogo:
Campia 2
- Ruben, Serginho, Vitó, Ramisio, Paulinho, Pedro, Luisão, Guedes, Vitinho, Tavares e Carlitos
Substituições: Serginho por Moacir (63m), Ramisio por João (77m) e Tavares por Roberto (85m)
Suplentes não utilizados: Antero, Laranjeira e Fontoura
Treinador: Raul Garcia
Ac. Viseu 2
- Manuel Fernandes, Simões, Negrete, Marcos, João Miguel, Calico, Álvaro, Carlos Santos (cap), Eduardo, Filipe Figueiredo e Tiago
Substituições: Tiago por Zé Pedro (61m), Calico por Barra (88m) e Álvaro por Barra (88m) Suplentes não utilizados: André, Xinoca, Zé Teixeira e Bruno
Treinador: Idalino de Almeida
Jogo no Parque Desportivo de Campia, em Vouzela
Assistência: Cerca de 150 espectadores
Árbitro: Luís Ramos, do CA de Viseu
Auxiliares: Carlos Pereira e Duarte Pinheiro.
Ao intervalo: 1-1
Marcadores: Tiago (7m), Marcos (pb, 30m), Calico (56m) e João (89m)
Acção disciplinar: Cartão amarelo para Marcos (10m) e Paulinho (90m)
José Luís Araújo (Diário Regional)